Papendrecht, 09 de dezembro, 2017
Por Fatima de Kwant
“Aparentes limitações podem esconder
possibilidades ilimitadas”
Caro professor,
Você tem uma missão neste mundo. Você não exerce uma função, somente. Seu trabalho é essencial. Você muda vidas, transforma pessoas, ensina, cuida e inspira. Professor é mais que uma profissão: é uma vocação.
Na sua trajetória de trabalho você vai encontrar muitas crianças. Todas são únicas. Algumas delas são e serão ainda mais diferentes do que a grande maioria. Elas são autistas. Não se preocupe nem se assuste com elas.
Todo autista pode aprender. Qualquer pessoa, independente do grau de autismo, pode ser ensinada quando você, professor, a ensina com humildade e a criatividade na tentativa de encontar um novo método de aprendizado para esse ser humano em formação.
Quando uma criança não aprende do jeito que a ensinamos, não a critique ou defina como incapaz, mas tente buscar uma nova maneira de transmitir algum ensinamento para ela. Seja uma lição escolar ou uma simples função de amarrar os cadarços de seu sapato, todo o autista tem a capacidade de aprender quando estimulado corretamente. O que é correto? É o modo individual do autista aprender.
Professor, os autistas são seres livres por natureza. Eles não se atém aos conceitos que os neurotípicos têm. Eles não são iguais à grande massa; são diferentes sem serem inferiores. A vocês, pessoas tão especiais, a grande arte de descobrir estratégias de ensino que irão permitir o progresso ainda maior e mais rápido desta criança.
“O que esta crianca autista gosta? O que ela não gosta? Quando ela se sente bem? Por que está gritando? Isso é mal educação ou impotência? O que posso fazer para deixá-la tanquila?” são perguntas que você deve fazer nos momentos mais difíceis quando você quer tanto ajudar o autista mas não sabe como. Aconteça o que acontecer, tente deixá-la se sentir bem. Pois toda criança que se sente bem quer aprender. Seu carinho e paciência vão fazer muita diferença nessa hora. O autista vai se acalmar e vai confiar em você.
Ah professor… você tem o privilégio e a oportunidade de observar seu aluno autista durante uma boa parte do dia. Às vezes vocês o conhecem quase tão bem quanto seus pais! Façam bom uso deste tempo e desta chance para abrir uma porta que os levarão à dimensão em que a pessoa autista se encontra. Quando encontrarem este lugar, entrarão em sintonia com o autista, e serão capazes de ensinar-lhe qualquer coisa.
A criança autista se comunica o tempo todo. Seu comportamento é comunicação.
Os autistas querem se comunicar. Eles querem fazer seus trabalhinhos. Els gostam de participar. Só não sabem ainda como fazê-lo.
Ouça, veja, observe o que ela lhe diz. Um grito pode ser mais que insatisfação; não olhar nos olhos pode não significar desinteresse; não (parecer) escutar, pode não significar falta de compreensão.
Os autistas entendem tudo. Entendem mais que palavras, pois captam a emoção por trás delas. Os seus alunos autistas entendem tudo o que você sente.
Tenha paciência com o/a autista.
Respeite o/a autista.
Não o/a subestime.
Seja humilde e aprenda com ele/a.
Dê-se a chance de receber um grande presente e uma grande lição de vida.
E dê a ele o seu maior presente: a missão que Deus te deu, de contribuir para o aprendizado de todas as crianças que tiverem a sorte de serem seus alunos.
Com carinho,
Fatima de Kwant
Mãe de autista
Especialista em Autismo & Desenvolvimento
Especialista em Autismo & Comunicação
Jornalista
Palestrante
Escritora
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mal educação?
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Oi Cássio, não entendi sua pergunta. Desculpe.
Abraços,
Fatima