Por Fatima de Kwant
Holanda, 04 de dezembro, 2018
Em Abril deste ano o CDC (Centre for Disease Control and Prevention’s Autism and Developmental Disabilities Monitoring Network) reportou que 1 em cada 59 crianças americanas se encontra no TEA (Transtorno do Espectro do Autismo). Mais recentemente, no espaço de uma semana (27/11 e 03/12), dois novos e grandes estudos revelam que o autismo é bem mais comum do que se pensa, com cerca de 3% de crianças americanas diagnosticadas com TEA ( Transtorno do Espectro do Autismo).
Na última semana de Novembro, uma larga pesquisa federal reportou que uma entre 40 crianças tem TEA, ou seja, uma prevalência bem mais alta do que o estudo do CDC, baseado em uma revisão de dados médicos e educacionais de milhares de crianças de todas as partes dos Estados Unidos. Ontem, dia 3 de dezembro, um segundo estudo foi publicado no jornal JAMA PEDIATRICS, chegando à mesma conclusão: 1 em 40. A diferença destes dois estudos com o primeiro, de Abril (1 em 59), é que os últimos foram publicados com base em dados reportados pelos pais das crianças entre 3 e 17 anos. Dados que computaram 43.000 crianças na pesquisa do National Survey of Children’s Health, de 2016. Uma parte desta pesquisa considerou a resposta dos pais à indagação sobre já terem ouvido de um médico ou outro profissional da saúde que seus filhos tinham autismo. Os que afirmaram positivamente, responderam se seus filhos possuíam um diagnóstico.
Os resultados desta pesquisa foram bem parecidos com os do estudo governamental publicado na ∑ultima semana de Novembro, de que 1 em 40 crianças americanas – aproximadamente 1.5 milhões – estão dentro do TEA.

Segundo o epidemiologista Dr. Wei Bao, líder desta segunda pesquisa, 30 porcento das crianças diagnosticadas não estão recebendo tratamento; 43 porcento participam de terapias comportamentais, cerca de 7 porcento dependiam exclusivamente de medicação, e 29 porcento das crianças diagnosticadas receberam medicação e intervenção comportamental.
“Sabemos que o autismo tem um impacto para o indivíduo e sua família por toda a vida. Deveria, portanto, haver esforços para reduzir o número destes que não recebem tratamento ao mínimo possível”, diz o professor- assitente de Epidemiologia na Universidade de Iowa. Dr. Bao acrescenta que não existe certeza quanto aos indivíduos autistas que receberam tratamento e os que não receberam: “Pode ser que crianças não tratadas tenham um tipo bem mais leve de autismo”, afirma o cientista, acrescentando: “Em razão do aumento das taxas de autismo, mais e mais crianças necessitam tratamento, e muitas podem estar ainda aguardando uma consulta”.
As razões pelas quais mais crianças são identificadas com autismo ainda não são claras. Dr. Bao especula que possa ser devido a uma combinação de um real aumento da condição junto com métodos mais eficientes de diagnóstico, assim como de definições mais abrangentes do Espectro do Autismo.
“Faz-se necessário mais pesquisas e muito suporte para compreender e viabilizar tratamentos apropriados para crianças com TEA.”
Dr. Wei Bao, Epidemiologista, Universidade de Iowa (EUA)
Observa-se uma limitação neste estudo. Por ter sido baseada no depoimento de pais, nem sempre é confiável segundo muitos pesquisadores.
Seja como for, a defasagem entre dados oficiais do CDC e os dos últimos dois estudos, deixa margem a que pesquisas mundiais sobre a prevalência, prevenção e tratamento do autismo tenham continuidade e, também, prioridade nas agendas da Saúde de todos os governos mundiais.
Fontes consultadas:
Webmd
HealthDay
*Fatima de Kwant é jornalista, especialista em autismo e mãe de um adulto autista que saiu do lado severo do espectro para o leve. Radicada na Holanda desde 1985, redige textos sobre todos os aspectos do Autismo e é idealizadora do projeto internacional Autimates.
Facebook: Autimates Brasil
Instagram: @fatimadekwant
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